Introdução
O realismo foi um movimento artístico e cultural que se desenvolveu na segunda metade do século XIX. A característica principal deste movimento foi a abordagem de temas sociais e um tratamento objetivo da realidade do ser humano.
Possuía um forte caráter ideológico, marcado por uma linguagem política e de denúncia dos problemas sociais como, por exemplo, miséria, pobreza, exploração, corrupção entre outros. Com uma linguagem clara, os artistas e escritores realistas iam diretamente ao foco da questão, reagindo, desta forma, ao subjetivismo do romantismo. Uma das correntes do realismo foi o naturalismo, onde a objetividade está presente, porém sem o conteúdo ideológico.
Momento Histórico
O Realismo reflete as profundas transformações econômicas, políticas, sociais e culturais da Segunda metade do século XIX. A Revolução Industrial, iniciada no século XVIII, entra numa nova fase, caracterizada pela utilização do aço, do petróleo e da eletricidade; ao mesmo tempo o avanço científico leva a novas descobertas nos campos da Física e da Química. O capitalismo se estrutura em moldes modernos, com o surgimento de grandes complexos industriais; por outro lado, a massa operária urbana avoluma-se, formando uma população marginalizada que não partilha dos benefícios gerados pelo progresso industrial mas, pelo contrário, é explorada e sujeita a condições subumanas de trabalho.
Esta nova sociedade serve de pano de fundo para uma nova interpretação da realidade, gerando teorias de variadas posturas ideológicas. Numa sequência cronológica temos o Positivismo de Auguste Comte, preocupado com o real-sensível, o fato, defendendo o cientificismo no pensamento filosófico e a conciliação da “ordem e progresso” (a expressão, utilizada na bandeira republicana do Brasil, é de inspiração comtiana); o Socialismo Científico de Karl Marx e Friedrich Engels, a partir da publicação do Manifesto Comunista, em 1848, definindo o materialismo histórico (“o modo de produção da vida material condiciona o processo de vida social, político e intelectual em geral” – K. Marx) e a luta de classes; o Evolucionismo de Charles Darwin, a partir da publicação, em 1859, de A origem das espécies, livro em que ele expõe seus estudos sobre a evolução das espécies pelo processo de seleção natural, negando portanto a origem divina defendida pelo Cristianismo.
O Brasil também passa por mudanças radicais tanto no campo econômico como no político-social, no período compreendido entre 1850 e 1900, embora com profundas diferenças materiais, se comparadas às da Europa. A campanha abolicionista intensifica-se a partir de 1850; a Guerra do Paraguai (1864/70) tem como consequência o pensamento republicano – o Partido Republicano foi fundado no ano em que essa guerra acabou –; a Monarquia vive uma vertiginosa decadência. A Lei Áurea, de 1888, não resolveu o problema dos negros, mas criou uma nova realidade. O fim da mão-de-obra escrava e a sua substituição pela mão-de-obra assalariada, então representada pelas levas de imigrantes europeus que vinham trabalhar na lavoura cafeeira, originou uma nova economia voltada para o mercado externo, mas agora sem a estrutura colonialista.
É nesse contexto socio-político-científico que surgem o Realismo, o Naturalismo e o Parnasianismo. A alteração do quadro social e cultural exigia dos escritores outra forma de abordar a realidade: menos idealizada do que a romântica e mais objetiva, crítica e participante. Contudo há semelhanças e diferenças entre essas correntes. As semelhanças residem na objetividade, na luta contra o Romantismo e no gosto por descrições minuciosas.
Romance realista – Narrativa voltada para a análise psicológica e que critica a sociedade e partir do comportamento de determinados personagens, em geral, capitalistas. O romance realista tem caráter documental, sendo o retrato de uma época.
Romance naturalista – Marcada pela vigorosa análise social a partir de grupos humanos marginalizados, em que se valoriza o coletivo. O naturalismo apresenta romances experimentais.
Características do Realismo
● Objetivismo;
● Linguagem culta e direta;
● Narrativa lenta, que acompanha o tempo psicológico;
● Descrições e adjetivaçções objetivas, com a finalidade de captar a realidade de maneira fidedigna;
● Universalismo;
● Sentimentos, sobretudo o amor, subordinados aos interesses sociais;
● Herói problemático, cheio de fraquezas;
● Não idealização da mulher.
Obras e autores
O Ateneu, de Raul Pompeia
Bom-Crioulo, de Adolfo Caminha:
Memórias póstumas de Brás Cubas (1881); Quincas Borba (1891); Dom Casmurro (1899) de Machado de Assis
Características do Naturalismo
• O mundo pode ser explicado através das forças da natureza;
• O ser humano está condicionado às suas características biológicas (hereditariedade) e ao meio social em que vive;
• Forte influência do evolucionismo de Charles Darwin;
• A realidade é mostrada através de uma forma científica (influência do positivismo);
• Nas artes plásticas, por exemplo, os pintores enfatizam cenas do mundo real em suas obras. Pintavam aquilo que observavam;
• Na literatura, ocorre muito o uso de descrições de ambientes e de pessoas;
• Ainda na literatura, a linguagem é coloquial;
Obras e autores
O Mulato (1881), Casa de pensão (1884), O cortiço (1890),de Aluísio Tancredo Belo Gonçalves de Azevedo (1857-1913)
A Normalista (1893); Bom Criolo (1895) de Adolfo Ferreira Caminha (1867-1897)
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